Comida não é remédio. Veja por que é perigoso pensar que é
Há limites ao poder que mudanças alimentares têm de prevenir, controlar ou curar doenças.
Christine Byrne
“Que seu alimento seja seu remédio e o remédio seja seu alimento” é uma frase atribuída a Hipócrates, médico da antiguidade grega visto como o pai da medicina. Em outras palavras, a ideia de que comida é remédio não é nova.
Mas o poder que ela exerce sobre nós é mais forte hoje do que nunca.
Do jeito que influencers de saúde e gurus de dietas falam sobre certos alimentos saudáveis que estão em voga, você poderia pensar que eles são capazes de curar o câncer. E, de fato, há quem diga que certos alimentos podem curar o câncer e outras doenças. Anthony William, conhecido como o Médium Médico, lançou um livro sobre suco de aipo e disse ao site Goop que já viu “milhares de pessoas que sofrem de doenças crônicas e misteriosas recuperarem a saúde tomando meio litro de suco de aipo de barriga vazia todos os dias”. Dr. Oz promove determinados alimentos dizendo que eles têm o efeito de “deixar de alimentar o câncer”, sugerindo que consumir esses alimentos em quantidade específica pode impedir o câncer de se espalhar por seu corpo.
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À primeira vista, esse tipo de alegação pode parecer algo inofensivo ou que dá esperança a doentes, mas encarar comida como remédio pode, na realidade, ser perigoso. Primeiro, porque minimiza a importância dos medicamentos reais no tratamento de doenças. Sem falar que sugerir que uma pessoa possa resolver seus problemas de saúde com uma simples modificação de seus hábitos alimentares não a de manipulação.
A comida de fato exerce papel central no tratamento de algumas doenças, mas estas são relativamente raras.
No caso de determinadas doenças, o efeito da alimentação é fortemente comprovado. Pessoas com diabetes precisam prestar atenção a como os alimentos que ingerem afetam seu nível de açúcar no sangue. Uma dieta cetogênica pode beneficiar crianças com epilepsia.
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