Momento Espírita: Na mesma embarcação
Com apenas dezoito anos, a britânica Letty Mcmaster estava feliz em poder realizar um voluntariado de um mês na Tanzânia, durante o seu período de férias da Faculdade.
O que ela não imaginara é que se defrontaria com necessidades imensas de seres sofridos, em quase desamparo.
Não contava com a doída surpresa de ver crianças em situações de sofrimento físico, mental e emocional, sem remédios, sem apoio médico.
Descobriu que elas recebiam alimentação somente uma vez ao dia e que havia, inclusive, relatos de abuso sexual.
O impacto foi tão grande que o voluntariado de um mês se transformou em três anos.
E retornou outras vezes. Finalmente, quando o orfanato em que ela doava as suas horas, anunciou que iria fechar, ela adotou as nove crianças e adolescentes que viviam no local.
Aos vinte e seis anos, ela abriu um lar, o Street Children Iringa, e se tornou tutora legal de quatorze jovens tanzanianos.
Ela a nove meses em Iringa, na Tanzânia. No restante do ano, retorna ao Reino Unido em busca de doações para poder arcar com despesas médicas, material escolar e tudo o mais que necessitam as crianças que tem sob seus cuidados.
* * *
Vemos, falamos, sentimos o nosso entorno.
Mas somente quando agimos, causamos a transformação na vida de outrem.
Às vezes, precisamos presenciar determinada cena rude e brusca para despertarmos e nos decidirmos por empreender alguma ação a favor do outro.
É importante termos em mente que nos encontramos em um imenso navio.
Todos embarcamos no mesmo porto, chamado nascimento, embora em dias e horários distintos. A viagem é comum e temos que conviver irmanados durante toda a travessia.
Repartir o alimento, a água, o camarote, a vestimenta. Tudo deve ser compartilhado para que todos cheguemos bem ao destino.
Existe um comandante, que estabelece a ordem e tudo coordena. Direciona o rumo, e nos oferece um capitão, modelo de virtude, para melhor entendermos o programa de convivência no decorrer da viagem.
Nessa embarcação, com maioria de ageiros necessitados de socorro, quem olha e vê, quem ajuda, quem colabora, se destaca.
E quando prevalece a atenção de uns para com os outros, ninguém perece. Ninguém morre à fome, nem sofre frio, sede.
Esse é o verdadeiro sentido da fraternidade. Auxílio mútuo, total, constante.
Compreender que somos interdependentes, que precisamos uns dos outros e nos pormos à disposição.
Dessa forma, a viagem, curta ou longa, será feita com menores dificuldades.
Ante as borrascas, quase naufrágios, sempre haverá os que estejamos prontos a tomar providências, a socorrer, de forma a que o sofrimento não se alastre.
Alguns até nos credenciaremos como tripulantes atenciosos, enfermeiros dedicados, para providenciar o que se faça preciso aos demais.
A viagem não transcorrerá, com certeza, sem problemas maiores ou menores, para uns e outros. Haverá feridos, doentes, carentes de atenção maior.
Mas, o importante é que existirá a certeza de que a solidariedade preside a tudo.
Que a fraternidade impera.
Redação do Momento Espírita
Em 17.7.2021.